Valor supera largamente os R$ 180 mil definidos como lance inicial no leilão eletrônico feito pela Receita Federal
A Ferrari Testarossa mostrou que raridade tem preço no leilão eletrônico realizado pela Receita Federal em Belo Horizonte (MG). Um modelo 1988 apreendido no ano passado pelo órgão foi leiloado por R$ 463 mil, bem mais que os R$ 180 mil definidos como lance mínimo. O valor elevado tem explicação lógica: a Testarossa nunca foi trazida oficialmente para o Brasil. Mais raro por aqui do que nota de 3 reais, o superesportivo lançado em 1984 não pode ser importado oficialmente, já que a legislação não permite a importação de usados com menos de 30 anos de idade. Então de nada adianta saber que o preço de uma Testarossa usada fica entre "camaradas" 50 e 90 mil dólares lá fora.
É justamente o grau de raridade que fez o superesportivo ser vendido a um preço que permite comprar modelos muito mais novos da casa de Maranello. Com esse valor, dá para colocar na garagem carros como a 360 Modena, a sua antecessora 355 ou, ícones mais antigos como a 308 GTS. Sem falar em outros carros doze cilindros da marca, como o cupê 550 Maranello ou a 456 GT. Essa Ferrari foi produzida até 1991, quando deu lugar a 512 TR, nada mais do que uma versão aperfeiçoada da Testarossa. A marca ainda criaria a 512 M até o fim da linhagem, em 1996.
Com apenas 10.817 km rodados, cor vermelha e interior em couro marrom e creme, o esportivo leiloado é a verdadeira definição do termo mosca branca. O status de ícone pop também tem peso nessa valorização. Além do nome nobre, o carro fez sucesso nas ruas e também nos pôsteres grudados no quarto de garotos de todas as idades – onde concorria por atenção com outros clássicos do período como o Lamborghini Countach e o Porsche 959.
O estilo criado por Pininfarina dá ainda mais valor. Larga para comportar os radiadores na traseira, a Testarossa ficou famosa pelas laterais recortadas por filetes que guiavam o ar para arrefecer o motorzão 4.9 de doze cilindros. Aliás, o motor não é V12, mas de cilindros contrapostos. Com 390 cv de potência e 49,9 kgfm de torque, o modelo tinha câmbio ao gosto dos ferraristas da antiga: cinco marchas espetadas em uma grelha metálica. Se bem trabalhado, o conjunto levava o cupê de motor central-traseiro de zero a 100 km/h em 5,3 segundos, uma animação que só estancava aos 290 km/h.
O desempenho estúpido, a imagem sexy e o status de supercarro fizeram a alegria dos yuppies que se estapeavam para garantir um exemplar. A fila de espera era tão grande que, não raro, o carro que custava cerca de 180 mil dólares em valores da época podia ser vendido por mais que o triplo disso. Para completar, a Testarossa era estrela do seriado Miami Vice, no qual era dirigida pelo mocinho Sonny Crockett.
Ficou chateado por que o lance vencedor não foi o seu? Aguarde. Junto com esse modelo foi apreendido outro exemplar, que rodava em situação duplamente irregular, por ter sido importado de forma fraudulenta e, de quebra, estar rodando com a mesma placa desse modelo leiloado hoje. É só ficar esperando, senão você terá que esperar até 2014, quando os exemplares mais antigos poderão ser importados oficialmente.